Estamos no Natal e, em virtude do bom comportamento do leitor, aí está a recompensa: Este mês não há artigo! Vocês mereceram.
Mentira. Mentira. Mentira.
De facto seria o presente adequado, mas eu sofro de insensibilidade.
Bela época. Umas das melhores.
É o fechar de um ciclo.
Desengane-se quem pense que estou a falar da época de caça ao Coelho Bravo, Perdiz Vermelha ou Pombo-da-Rocha.
Sim, esses ciclos também terminam no final de Dezembro, mas estou a referir-me ao “Natal”.
Há um comportamento periódico que costuma aparecer no início desta quadra festiva.
É quase impossível resistir à tentação de aproveitar a quadra e o temor das crianças em proveito da melhoria do seu comportamento.
É frequente ouvir usar, para com crianças, uma das seguintes expressões:
Vê lá! Se não te portas bem … “não há carta de natal para ninguém”, o “Pai Natal não vem”, “não aparecem prendas no sapatinho”, etc…
Tudo isto petrifica, coage, hostiliza, amedronta e faz tremer mas, vamos ser sinceros, não resulta mais que alguns minutos. (Minutos maravilhosos, convenhamos!)
Mas algo pior pode estar subjacente, a deslocação de autoridade. Este, provavelmente, não é um termo técnico (é certamente um termo ridículo).
Deslocação de autoridade corresponde à ameaça com pessoas ou elementos externos.
Quem já não ouviu um adulto dizer a uma criança: “Olha que vem aí o polícia!” ou “O Papão esta noite vai sair do armário e enfiar-se no escuro da cama” ou ainda “Não vás para o sótão, está lá um Minotauro!”.
Admito que o primeiro exemplo seja mais comum, uma vez que poucos tiveram o meu pai como educador.
Outros ao invés de usar a fantasia, referem-se a pessoas que a criança conhece e teme: “Vou chamar o sr. Manuel que só tem um olho”, “Queres que traga cá o sr. José, o corcunda?” ou “Lembras-te do nosso vizinho, que é albino? Vem cá hoje à noite.”.
O que provavelmente irá acontecer é que a criança só seja educada na presença de polícias ou marrecos, isso não parece ter grande utilidade.
Contudo, não digo que todas estas ameaças, tais como as do Pai – Natal, sejam completamente inúteis.
Quem sabe se o leitor não será o próximo Hitchcock?
Joel Dimitri
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