segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Barry Schwartz - Perda de Sabedoria

Lições de gestão, de educação, de ética e cooperação. Barry Schwartz, psicólogo Americano autor de "Paradoxo da Escolha: Porque Mais é Menos.", Ecco, 2004 (podem ver um vídeo explicativo aqui).


terça-feira, 9 de novembro de 2010

"Indesejada" - A felicidade depende do Género

Uma reportagem de um fotojornalista Walter Estrada, que aprofunda o conhecimento sobre uma questão social na Índia. Legendas em Inglês.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Educação e Artes - Mudança de Paradigma

Se se sentir confortável com a língua inglesa irá certamente ficar fascinado com esta soberba apresentação de Sir Ken Robinson.

sábado, 21 de agosto de 2010

I Gotta Feeling

Uma dança que conta uma história?
Bem diferente daquela amplamente divulgada no aniversário da Oprah.
Os artistas são os finalistas do Programa "So You Think You Can Dance" no Reino Unido na sua gala final.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Educar em Maio



Mês de Maio, mês das peregrinações.
O que há para dizer às crianças sobre este antigo ritual?
E será que elas sabem o que significa peregrinação ou ritual?
Seja como for não importa, ao final de três palavras elas já não estão por perto.

Que peregrinações existem? Onde começaram?
Não espere encontrar a resposta nas próximas linhas.

Durante os tempos Medievais na Bretanha, os homens pediam em casamento deixando um ramo de espinheiro à porta da sua amada no primeiro dia de Maio, se o ramo fosse lá mantido significaria que ela aceitava a proposta. Se quisesse recusar fá-lo-ia saber substituindo-o por uma couve-flor.

Talvez seja indiferente ou talvez esta tivesse sido uma das razões pela qual o mês de Maio tenha sido designado, em alguns países, por Mês das Noivas.
Nesses países o mês de Maio é visto como um mês propício ao Casamento.

Serve esta extensa nota introdutória para me referir à peregrinação mais longa, de todas que o ser humano experimenta – o Casamento. Se bem que tem sido uma peregrinação cada vez mais encurtada.

Na igreja católica Maio é o mês de Maria, na mitologia Romana Maia era identificada como Bona Dea – Boa Deusa.

Tentando centrar o assunto nas crianças, será que podemos inferir que Maio é propício a lidar com esses mamíferos de palmo e meio?

Eu arrisco no sim.
Há dois factores que levam a acreditar nisso, a saber:
Maio é o mês do trabalhador e ora, se é o nosso mês, temos aí um bom motivo para cumprir com o nosso papel de forma especialmente satisfatória.

O segundo factor diz respeito às atitudes peregrinas tão amplamente noticiadas neste preciso mês.
Desta atitude resulta algum sofrimento, que é banalizado por todos aqueles que ficam com as crianças dos que caminham.
Quem convive com crianças experimenta uma penitência a tempo inteiro.

Sofrimento a sério têm todos aqueles que caminham e acompanham crianças simultaneamente.

Curiosamente encontramos quem não veja sentido nos que sofrem fisicamente pela devoção, mas pague para sofrer fisicamente, seja com piercings, tatuagens ou diversas mutilações, por motivos estéticos.

Em boa verdade, de todos os rituais auto-infligidos, o rito da peregrinação deve ser um dos que menos incomoda.

Ainda não decidi se faça alguma penitência neste mês mas, se fizer, terá que envolver pedras quentes e diferentes óleos.


Joel Dimitri

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Agricultura Biológica


Canção Relativa à Agricultura Biológica inserida no Ano Europeu da Biodiversidade

domingo, 25 de abril de 2010

Harlem Children's Zone - Promise Academy

Do programa 60 Minutos da cadeia televisiva CBS.
Quando os miúdos das zonas desfavorecidas de Harlem entram na pré-escola o director Geoffrey Canada promete aos pais que as suas crianças irão entrar para a faculdade.

Se se sentir à vontade com o Inglês vai certamente ficar impressionado(a).



Joel Dimitri

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Piano Visual

Para o piano na coluna direita podem fazer-se inúmeras actividades, com o inegável aproveitamento de contribuir para a percepção de escala, acidentes musicais, tons e meios tons, acordes e tudo o que vem por acréscimo.

Por exemplo juntamos duas dessas imagens em formato A1 com a seguinte abordagem:



























Joel Dimitri

sábado, 10 de abril de 2010

O Engano


Diz o povo que “Aprendemos com os Erros” mas, como deve ser encarado o engano?
Quais os efeitos que o erro produz numa criança/jovem?
Qual o seu valor educativo?
Não é que me orgulhe, mas a minha infância bafejou-me com uma grande experiência no assunto.

Maria Montessori (1870-1952) disse que o nosso amor/cuidado com a criança surge muitas vezes na “diligência com que nos substituímos a ela, apanhando o brinquedo que ela desejaria agarrar por si própria, ajudando-a a subir às cadeiras ou às camas, recortando os papéis que ela quereria recortar ou amparando-a nos movimentos para que não caia”.

Montessori crê que talvez seja essa uma das razões pela qual o humano seja o único animal que aos sete anos ainda não está preparado para a independência.

É pois no erro, na queda, no ferimento e na sujidade que, defendem vários pedagogos, a criança cresce.

Não devemos evitar que a criança erre mas hoje em dia, teremos talvez, que fazer mais do que controlar-nos na ajuda à criança.

Provavelmente teremos que ir além disso e criar situações de erro, teremos de ser nós, adultos, a manifestar dúvidas ou incertezas (algo que, pessoas como eu, desempenham com relativa facilidade e com extraordinário realismo).

Porém antes de adoptar radicalmente um novo tipo de comportamento poderá reflectir sobre as palavras de Sigmund Freud registou:
“Eduque-o como quiser; de qualquer maneira há-de educá-lo mal”

Se a má educação é garantida então porque não arriscar?
Porque não tentar deixar a criança encontrar soluções por ela própria?

Decidi partilhar algumas hipotéticas situações.

Se uma criança pede ajuda para atar o calçado, provavelmente ajudaremos, porventura seria melhor dizer-lhe: “O sapato é teu tens de ser tu a aprender. Os meus sapatos eu já aprendi a atar na semana passada.”
O mesmo poderá ser feito com o fechar da mochila porém, deveremos evitar que seja a criança a estacionar o autocarro ou a preencher online a declaração anual de rendimentos.

Se uma criança pergunta qual a capital da França poderemos dizer que temos um globo no escritório ou um mapa na secretária, se ela quiser saber podemos dar umas pistas sobre onde fica.

Ir para além disto significará não só, deixar que a criança cumpra com aquilo que é da sua responsabilidade, mas também levá-la a colaborar com tarefas que estão destinadas aos adultos.
Por vezes bastará manifestar dúvidas para obter a colaboração infantil.

“Já não sei o nome daquela canção...”; “Como se escreve aquela palavra?”; “Cada vez vejo pior, o que está aqui escrito?”; “Ajudas-me a levantar para te dar uma palmada no rabo?”.

No entanto convém guardar algumas incertezas para si.
Em que dia é que a tua mãe faz anos?” ou “Onde está o cinto com que o teu avô me educou?” são apenas dois exemplos cujo contributo educativo se pode classificar de dispensável.

Será, quem sabe, da convivência com o engano que a criança se preparará para ultrapassar os obstáculos que futuro lhe trará.

Bem melhor de que eu para falar de enganos teria sido bom convidar os meus pais a pronunciarem-se sobre o assunto. Em matéria de engano são peritos, uma vez que sustentaram um até tarde.
Joel Dimitri

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Vampiros


"Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades...”
A sociedade está a experimentar uma transformação.
Tenho a dizer que, para as mudanças que vão ocorrendo, os adultos têm o direito de tomar posição e, seja qual for o assunto a minha posição está escolhida: sentado.

Então qual a transformação que está a ocorrer?
Numa só palavra – vampiros.

O que significa esta nova moda? Quem deu origem a isto? Como é que isto se pegou? Será que isto representa o fim do lobo mau?

Seja como for posso apenas alertar que este tipo de modas é muito perigoso… para nós adultos.

É que estamos a ficar sem cartas. Lembram-se de ameaçar as crianças com o “papão”? Pois o “papão”, comparado com um vampiro, é um capuchinho.

Corremos o risco de nunca mais podermos atemorizar crianças (preciso de um minuto para enxaguar as lágrimas).

Se deixarmos que as crianças se fascinem por este género de figuras, as histórias de adormecer terão que sofrer uma reviravolta.

“Papá, papá… conta outra vez aquela do monstro do saco?” ou “Nunca mais contaste a do Frankenstein!” ou ainda “Compras-me um peluche do exorcista?”
  
Karl Marx no Volume Um de “Capital” no Capítulo 10, Secção Um, menciona uma relação entre o capitalista e o vampiro: "o capital é trabalho morto que, como um vampiro, vive somente de sugar o trabalho vivo e, quanto mais vive, mais trabalho suga (…) - o trabalhador vende ao capitalista a sua força de trabalho e este, por sua vez - não largará a presa enquanto houver um músculo, um nervo, uma gota de sangue a ser explorada.”  

Julgo que nunca, como hoje, esteve tão exposta a ligação entre o capitalismo e os vampiros. Por estes tempos, provavelmente são os promotores de vampiros quem mais capital ganha.

Sei, por experiência, que nunca vi nenhum vampiro, apesar de já ter ido muitas vezes à Direcção Geral de Finanças. Porém devo admitir que frequentemente cheiro a alho, isso pode tê-los levado a afastar-se de mim.

Nem tudo é mau e, até me agrada que a sociedade torne os vampiros em criaturas da moda, especialmente pelos dentes que têm.

Agrada-me pois eu, apesar de não ter dois dentes longos como eles, tenho dois dentes da frente partidos.
Isto é algo que se tem revelado muito útil para sacar gargalhadas de alguns bebés e de dentistas em geral.

Ora, se os dentes dos vampiros estão hoje na moda, só me resta esperar.
Hoje eles, amanhã eu.Joel Dimitri

2010


Trás pum,  trás pum, trás pum.
Aí está mais um ano civil.
2010 – Woooo hoooo!
Talvez esteja a exagerar nos festejos.
Ou nas bebidas espirituosas.
Numa das duas estou, de certeza, a exagerar.

É óptimo poder viver numa época como a que vivemos.
Se a civilização caminha para um mundo mais justo e harmonioso, então cada ano que passa devemos estar mais perto.
Só peço uma coisa: avisem quando chegarmos.

A educação não foge a esta regra.
O número percentual de crianças com acesso à educação é cada vez maior.

Não satisfeitos fomos mais longe. Não bastava dar a oportunidade de frequentar a Escola, e quisemos impor a obrigatoriedade de a frequentar. Obrigatoriedade!

Se já as coisas de que gostam são passageiras e rapidamente largadas na indiferença, quanto mais aquelas a que são obrigadas.
Estão assim criadas as condições para que a sala de aula seja a arena do século XXI.
Será que às crianças devia ser dado o tempo para se chatearem com a Escola bem como o tempo para terem saudades da mesma?

Peter de Vries, um romancista americano que viveu durante século passado deixou registado que “uma das principais causas do analfabetismo das massas é o facto de que, hoje, quase todo o mundo sabe ler e escrever”.

Infelizmente em pleno 2010 há algo a que as crianças vêem reduzido o acesso.
Estou a referir-me aos bolsos das calças que usam.
Todos os anos aproximam mais os bolsos aos joelhos, pelo que se torna complicado meter as mãos por esses sítios.
No que diz respeito a bolsos de calças, o acesso está continuamente mais limitado.

Por ser início de um novo ano talvez devêssemos encorajar os jovens a estabelecerem compromissos. Nem que sejam simples ou a longo prazo.

Comigo funcionou. Lembro-me de ser muito jovem e da minha mãe me dizer: “dou-te 5 anos para saíres de casa”.

Aí reside a essência do sucesso.
Um objectivo simples, com um prazo aceitável.


Joel Dimitri

Natal '09



Estamos no Natal e, em virtude do bom comportamento do leitor, aí está a recompensa: Este mês não há artigo! Vocês mereceram.
Mentira. Mentira. Mentira.
De facto seria o presente adequado, mas eu sofro de insensibilidade.

Bela época. Umas das melhores.
É o fechar de um ciclo.

Desengane-se quem pense que estou a falar da época de caça ao Coelho Bravo, Perdiz Vermelha ou Pombo-da-Rocha.
Sim, esses ciclos também terminam no final de Dezembro, mas estou a referir-me ao “Natal”.

Há um comportamento periódico que costuma aparecer no início desta quadra festiva.

É quase impossível resistir à tentação de aproveitar a quadra e o temor das crianças em proveito da melhoria do seu comportamento.

É frequente ouvir usar, para com crianças, uma das seguintes expressões:
Vê lá! Se não te portas bem … “não há carta de natal para ninguém”, o “Pai Natal não vem”, “não aparecem prendas no sapatinho”, etc…

Tudo isto petrifica, coage, hostiliza, amedronta e faz tremer mas, vamos ser sinceros, não resulta mais que alguns minutos. (Minutos maravilhosos, convenhamos!)

Mas algo pior pode estar subjacente, a deslocação de autoridade. Este, provavelmente, não é um termo técnico (é certamente um termo ridículo).
Deslocação de autoridade corresponde à ameaça com pessoas ou elementos externos.

Quem já não ouviu um adulto dizer a uma criança: “Olha que vem aí o polícia!” ou “O Papão esta noite vai sair do armário e enfiar-se no escuro da cama” ou ainda “Não vás para o sótão, está lá um Minotauro!”.
Admito que o primeiro exemplo seja mais comum, uma vez que poucos tiveram o meu pai como educador.

Outros ao invés de usar a fantasia, referem-se a pessoas que a criança conhece e teme: “Vou chamar o sr. Manuel que só tem um olho”, “Queres que traga cá o sr. José, o corcunda?” ou “Lembras-te do nosso vizinho, que é albino? Vem cá hoje à noite.”.

O que provavelmente irá acontecer é que a criança só seja educada na presença de polícias ou marrecos, isso não parece ter grande utilidade.

Contudo, não digo que todas estas ameaças, tais como as do Pai – Natal, sejam completamente inúteis.

Quem sabe se o leitor não será o próximo Hitchcock?

Joel Dimitri

H1N1


H1N1 - Gripe A
Escrevo este artigo com máscara na boca. Na parte de fora, claro.
Na parte de dentro tenho língua, dentes, uma tampa de caneta e umas migalhas de água e sal. Tudo me pertence.

Mais uma vez safámo-nos. Já conseguimos culpar as Vacas, as Aves, desta feita são os Porcos. Escumalha! Cambada de animais! Era enfiá-los na prisã…no talho. Atrás das grad… das vitrinas.

Posso dar uma sugestão? Para a próxima podíamos culpar os Peixes, ou os Moluscos, sei lá.
Porque não? Estão sempre dentro de água, quando chove e quando faz sol.
Já estou a imaginar a abertura do noticiário:
“Atenção, pandemia eminente - É a Gripe do Choco”.  

Penso que estão de parabéns todos os que têm feito um esforço por minimizar os riscos de contágio, mas isto pode trazer consequências severas e irreparáveis.

Os alunos andam muito mais asseados do que andavam antes.
Até mete dó.

É isto que pretendemos? Já viram o risco que estamos a correr?
E se eles se habituam, o que vai ser de nós?

Todos os procedimentos, quer na escola quer fora dela, podem levar à extinção da velha gripe, da qual ainda vamos ter muitas saudades (neste momento estou a limpar as lágrimas).

Aviso já, continuando com este tipo de acções que previnem o contágio, rapidamente virá o arrependimento (agora já estou a comer bolachas novamente).

Mas o pior está camuflado.
Ainda assim, muitos de nós já perceberam a mensagem subliminar.

Estamos a dizer às crianças que “andar imundo é errado”, “quem não é limpo não é civilizado” e “não vale tocar nas maçanetas”.
Parece um jogo infantil. Só falta dizer: “quem estiver sujo perde”.

É urgente denunciar esta situação.
E quem está ligeiramente menos aprumado fica em que pé?
Não há lugar para nós no Mundo? Para onde nos devemos dirigir?
O que vai ser feito de nós? Quem me mexeu nas bolachas?

É preciso fazer algo para mudar esta perigosa preposição.

Não podemos ficar de braços cruzados! Até porque, a regra dita “que se cubra a boca e o nariz ao tossir e espirrar”.
Por estes dias, os braços daqueles que são mais asseados estão cheios de germes e não convém colocar as mãos por esses sítios.

Joel Dimitri

Ano Lectivo 3,2,1 Partida


Começa mais um ano lectivo.
Fiz o máximo que pude para o impedir, juro. Mas nada feito.
Não tenho crédito em lado nenhum.
Só resta enxaguar as lágrimas e arranjar comprimidos.

Não vale a pena desesperar por antecipação pois de certeza que não será tudo mau. Certamente algumas coisas serão menos boas – a continuidade deste artigo é exemplo disso mesmo.

Mas, se não fugimos até aqui aguentamos mais um ano, não é?
Vamos a isso.

Dizem que as primeiras aulas são as mais importantes. Nelas se define grande parte do comportamento que os alunos vão ter ao longo do ano.

Como registou o poeta e filósofo Lucrécio há 22 séculos:
“Accidere ex una scintilla incendium passim”Às vezes de uma pequena centelha acontece um incêndio.
Nestes momentos iniciais há que redobrar a atenção aos pormenores para não nos arrependermos mais tarde.

Mas há mais duas coisas essenciais a fazer.
A primeira é: não dar ouvidos ao que digo.
A outra coisa a fazer, muito menos importante que a primeira obviamente, é: escolher ponderadamente as regras e ser firme na sua aplicação.

Aproveito o espaço para partilhar algumas das regras que decidi aplicar neste início de ano e com as quais serei pouco tolerante.

1.º - Não autorizo que andem em pé pela sala, em cima das cadeiras e das mesas com os meus sapatos calçados.
2.º - Não autorizo que me dêem ordens. Por exemplo que me mandem sair do armário ou voltar para a sala de aulas.
3.º - Não autorizo que metam dedos pelo meu nariz dentro sob a desculpa de investigação;
4.º - Não autorizo que me colem pastilhas na roupa interior por muita piada que a minha família ache a isso;

Penso que será com este crescente nível de exigência que a nossa educação chegará a bom porto.

Porém, se tenho exigências para com os alunos também as devo ter para comigo.

É por isso que me comprometo a tirar a cabeça de debaixo da mesa e espreitar mais vezes… para ver se ainda estão todos na sala.


Joel Dimitri

Mês de Junho


Ah, mês de Junho… Mês em que se celebra o Dia da Criança.
Aproveito para agradecer todas as felicitações que me fizeram nesse dia, embora lamente informar aqueles que o fizeram de que já não pertenço a esse grupo de … mamíferos. Sei que custa a acreditar (nem a minha mãe se convenceu disso) mas, de facto, já não sou uma criança.

As crianças são o melhor do mundo (não importo de mentir, é um mal menor) e, por incrível que pareça elas irão governar o mundo.
Algumas, é claro… outras irão escrever artigos ou comer saladas.
Tudo isto irá acontecer, tem acontecido.
A minha grande preocupação prende-se com o facto de algumas já começarem a governar enquanto são crianças!

Começam por governar a quantidade de açúcar que ingerem, seguidamente administram o telecomando, depois a agenda “cultural” e os serões num qualquer fim-de-semana, acabando por monopolizar a atenção em massa nas caixas dos hipermercados até, por fim, fazerem gestão do orçamento familiar mantendo os pais em cativeiro.

Estará a educação perdida? Não exageremos.

Lord Rochester diria: “Antigamente tinha seis teorias para educar crianças, hoje tenho seis crianças e nenhuma teoria.”

Provavelmente ainda vemos como fraqueza o acto de admitir a colegas ou amigos que não conseguimos responder a determinada atitude de uma criança.

Haverá algum problema em assumir isto?
Eu, por toda a vida ter sido medíocre, convivo bem com o falhanço e lá vou caminhando de erro em erro.

Os pais porque não querem passar por inseguros não dão o braço a torcer.
Os professores porque não querem passar por permissivos não dão o braço a torcer.
Os avós porque têm artroses também não dão o braço a torcer.
A mim cheira-me a esturro, torço o nariz!

Seja como for, para que não se invertam os papéis, convém manter presente que “Criança” deriva de cria.

Quanto a mim prometo que para o ano deixo crescer o bigode (caso tenha pilosidades suficientes para cometer tal ousadia) de forma a facilitar a distinção.

Joel Dimitri

Educar ?

Serve o presente espaço para colmatar uma necessidade social, a necessidade de colocar periodicamente nas conversas o debate sobre a Educação.
Também poderíamos falar sobre máquinas de café mas isso dava pano para mangas e provavelmente nunca chegaríamos a consenso.

Para a ordem do dia devemo-nos interrogar se:
Ainda é possível educar nos dias de hoje?
Se sim, a partir de que horas?

Longe de mim sequer ousar responder a estas questões, até porque não tenho relógio nem faço ideia em que dia estamos.
Acontece que, relativamente à Educação, estamos numa altura em que se lê e ouve tanta palermice da boca de gente séria que faz falta ouvir e ler seriedade da boca de gente palerma.
Ora bem… é aqui que eu entro.
Não que tenha alguma seriedade para dizer mas, como palerma, sou sobejamente reconhecido. O leitor rapidamente o constatará.

Educação significa, etimologicamente “trazer para fora” isto porque, segundo Platão todos nós teríamos conhecimento antes de chegar à Terra, conhecimento este que ficaria guardado dentro de cada um, e do qual perderíamos a consciência no trajecto Céu – Terra.
Educação seria assim a tarefa de “trazer para fora” aquilo que cada um já teria no interior.
Só por esta breve resenha provavelmente já merecia ser condenado sob pena de atentado à filosofia.

Isto passou-se há 24 séculos e parece-me que assisti a isto à 24 horas atrás.
Hoje em dia esta concepção não está ultrapassada pois aquilo que as crianças aprendem é também “trazido para fora”. Frequentemente à força, em virtude da sua apatia.
“Arrancado a ferros” será porventura o termo actualizado.

Só tenho a acrescentar que, muitas vezes, a luta de tentar “trazer para fora” é interrompida em detrimento de algo que preferíamos que a mesma criança tivesse “guardado lá dentro”.
Os próprios colegas de carteira se costuma queixar que houve alguém que “trouxe qualquer coisa para fora” causando náuseas nas redondezas, nesse caso só há uma solução. Abrir as janelas.

É por volta desta altura que obtemos uma possível resposta à pergunta inicial: Talvez esta não tenha sido uma boa “hora para educar”.

Joel Dimitri