Quando os miúdos das zonas desfavorecidas de Harlem entram na pré-escola o director Geoffrey Canada promete aos pais que as suas crianças irão entrar para a faculdade.
Se se sentir à vontade com o Inglês vai certamente ficar impressionado(a).
Joel Dimitri
Um comentário:
Seria interessante analisar esta reportagem em mais pormenor, houvesse tempo para tal.
De qualquer modo deixo aqui duas observações de uma primeira análise a frio.
Por um lado as expectativas, por outro as motivações.
Relativamente às motivações, como é assumido na peça pelo próprio Geoffrey, as crianças encontram motivação no retorno financeiro e material como recompensa pelo seu esforço. Na verdade é o que acontece em todas as situações do quotidiano. as pessoas, no geral, desempenham determinada tarefa para obter um determinado prémio. O que na minha opinião se poderá tornar redutor em certa medida, é que as crianças não o fazem por quererem ser melhores, mas sim por quererem ter mais e em maior quantidade. Não parece haver a ambição, pelo menos daquilo que foi observado, de salvar o mundo, de encontrar uma cura para uma doença rara, para erradicar doenças, guerras, etc.
O risco é o facto das crianças poderem entrar numa espiral competitiva, em que a violência de rua, à qual estão sujeitos no seu dia a dia, dê lugar a uma outra violência de contornos “intelectuais” com consequências imprevisíveis.
No que respeita às expectativas, era visível a cara de ansiedade e sofrimento das mães na hora do sorteio para o ingresso na escola. A expectativa é tão alta em relação aos resultados que obviamente as mães estarão muito mais predispostas para o sucesso. Neste caso é uma educação dos pais feita de modo mais ou menos inconsciente, pelo menos diferente daquela outra que se observa na peça momentos depois, relativamente à escola de pais. Para aqueles que não conseguem entrar no sistema, o risco de não ultrapassar a frustração é elevado, pelo que as expectativas serão mais baixas, logo a exigência será menor.
João Calha
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